sábado, 8 de abril de 2006

CAÇA ÀS BRUXAS

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Os jogos electrónicos, depois do cinema, da música, da banda desenhada, são desde há alguns anos o saco de pancada favorito dos conservadores que procuram visibilidade fácil em nome do bem estar das famílias e das crianças.

Nos Estados Unidos, país esquizofrénico capaz do melhor e do pior, isso tem sido particularmente evidente nos últimos meses, com diversas propostas de lei apresentadas em vários Estados para, entre outras medidas, alterarem o sistema de classificação etária, tornando-o mais visível (cliquem aqui para ver qual poderia ser o aspecto de uma caixa de jogo caso isto fosse avante) ou banirem a venda de videojogos “violentos ou sexualmente explícitos” a menores de 18, equiparando-os a produtos pornográficos.

Recentemente, o Governador do Illinois, Rod Blagojevich, fez aprovar uma destas leis, que deveria ter entrado em vigor no dia 1 de Janeiro de 2006 mas acabou por ficar encravada num tribunal.
Leis semelhantes foram aprovadas no Michigan e na Califórnia (aqui pelo ex-herói dos filmes de acção violenta dos anos 80 e 90, Governador Arnold Schwarzenegger), mas também elas estão a ser revistas pelos tribunais. Espera-se que todas sejam consideradas inconstitucionais.

Também os senadores Evan Bayh, Joe Lieberman (um dos principais perseguidores dos videojogos) e a putativa candidata à Presidência dos Estados Unidos, Hillary Clinton, levantaram a voz contra os videojogos, introduzindo o Family Entertainment Protection Act, um documento que visa proteger as crianças dos conteúdos inapropriados encontrados nos jogos.

A história é complexa, implica o conhecimento da Constituição norte-americana e da legislação dos diversos Estados membros e envolve várias personalidades políticas, de maior ou menor magnitude, com agendas próprias, pelo que não será o UltimoNivel quem aspirará a esmiuçar e explicar todos os detalhes. Para compreender o ou os casos na sua totalidade, à falta de acompanhamento próximo dos media norte-americanos, o melhor será ler um resumo na Wikipedia, ou consultar frequentemente o Games Politics.

De qualquer forma, fica aqui o alerta para um tema quente de 2006 e que poderá alterar significativamente o futuro dos videojogos nos Estados Unidos – e, por arrasto, de todos os media, um pouco por todo o mundo. E fica também demonstrada a imensa vitalidade da democracia e sociedade norte-americana, capaz de encontrar dentro de si as forças contraditórias que provocam o debate do qual certamente vão emergir conclusões que servirão de referência em casos semelhantes de luta pelas liberdades, lá ou por cá.