segunda-feira, 30 de janeiro de 2006

WOW É GAY UNFRIENDLY


Aparentemente a Blizzard está a banir pessoas que criem e divulguem guildas que são gay friendly em World Of Warcraft (WOW). Segundo a In Newsweekly, uma jogadora, Sara Andrews, terá sido ameaçada de expulsão sob o pretexto de que a sua guilda, criada com o propósito de proporcionar um ambiente saudável para a comunidade gay, viola a cláusula "Harassment - Sexual Orientation" do contrato de Termos de Utilização estabelecido entre a Blizzard e os jogadores de WOW. Sara, temendo que houvesse algum mal-entendido, escreveu à empresa, alegando que a sua guilda não pretendia ser ofensiva para os restantes jogadores e que não pretendia excluir utilizadores heterossexuais. A Blizzard respondeu que o facto de criar uma guilda deste tipo seria suficiente para incitar algumas pessoas a assediar jogadores que de outra forma não seriam importunados: isto é, a Blizzard pretende proteger a comunidade gay impedindo-a de manifestar a sua existência, ou seja empurrando-a para o armário.

No aviso emitido pela Blizzard a Sara Andrews, a empresa lembra que os Termos de Utilização proíbem a utilização de linguagem que refira, de forma insultuosa, a orientação sexual dos jogadores. Segundo a empresa, a palavra “homossexual” será uma dessas formas de linguagem insultuosa. O aviso acusa ainda a guilda de Sara Andrews de promover a discriminação contra os heterossexuais – isto apesar da sua entrada não estar proibida ou limitada.

Sara vai cancelar a sua conta no jogo como forma de protesto contra a recusa da Blizzard em reverter esta decisão, alegando que a palavra “gay” é frequentemente usada por vários jogadores como forma de insulto, sem que a editora tome uma iniciativa para as corrigir. Nas suas palavras:

"It seems to be ok for general chat to be flooded with, 'That's so gay!' and 'I just got ganked! What a fag!', yet advertising for a glbt friendly environment where we don't have to deal with such language is deemed 'inappropriate'!.
A criação de guildas dedicadas às minorias ofende quem?

A verdade é que as regras que impedem as minorias, sejam elas quais forem, de se exprimirem e manifestarem a sua existência, existem para não beliscar a maioria pagante que, no caso dos videojogos, é, como se sabe, maioritariamente branca, masculina, heterossexual, burguesa e essencialmente conservadora (especialmente na puritana América).

As regras impostas pelas editoras deviam punir os comportamentos discriminatórios – é o que está contemplado nas constituições dos países avançados. Mas as empresas não defendem o direito à diferença: simplesmente proíbem-na, sob o pretexto de ser ofensiva para a “maioria”. Um reino, mesmo que virtual como é o caso de Azeroth, não é, não pode ser, um Estado dentro do Estado.

A este propósito, recomendo também a consulta de um estudo da IGDA que define o perfil médio do criador de videojogos, e que pode explicar em grande parte o tipo de títulos que caracterizam o mercado:

Male = 88.5%, Female = 11.5%
White = 83.3%, Black = 2.0%, Hispanic/Latino = 2.5%, Asian = 7.5%, Other = 4.7%
Heterosexual = 92%, Lesbian/Gay = 2.7%, Bisexual = 2.7%
Average age = 31 years
Average years in the industry = 5.4 years
Percentage of people with disabilities = 13% (e.g., cognitive, mobility, sight, etc)
More than 80% have a university level education or greater
More than 60% of studios claim that obtaining diverse applicants is challenging


SARA ANDREWS | WORLD OF WARCRAFT | GUILDAS GAY | GAYMER